domingo, 26 de julho de 2009

Discalculia


Dis (grego ) = mal + Calculare (latim ) = contar = contar mal



Saiba como ajudar crianças com este distúrbio de aprendizagem

Bartira Betini


Um aluno que por inúmeras vezes erra ao fazer uma conta, não compreende uma equação matemática ou não consegue resolver problemas matemáticos, pode sofrer de um distúrbio de aprendizagem chamado discalculia, caracterizado pela dificuldade em compreender os processos de matemática.

A discalculia atinge crianças e adultos, mas é mais comum na infância, e é percebida pela quantidade de erros na hora de contar e solucionar problemas verbais. Estima-se que de 4 a 6% da população mundial sofra de discalculia. O estudo mais recente foi apresentado em junho de 2008 em um congresso científico no Reino Unido. Brian Butterworth, do Instituto de Neurociência Cognitiva do University College London, em conjunto com o Centro Cubano de Neurociência, descobriu que, de 1.500 crianças avaliadas, entre 3 e 6% apresentavam sinais de discalculia.

Causas


As causas da discalculia são pouco conhecidas porque ainda não existe um estudo amplo sobre o tema, como há, por exemplo, no caso da dislexia. " Em 2007, o Dr. Roi Cohen Kadosh e sua equipe do Instituto de Neurociências Cognitivas da University College London publicaram um trabalho que sugere que a discalculia pode ser causada por lesões específicas no cérebro", explica Simaia Sampaio, pedagoga e psicopedagoga clínica.


Principais Sintomas

* Dificuldade em diferenciar direita e esquerda e na orientação espacial ( norte, sul, leste e oeste);

* Dificuldade com tabelas;

* Dificuldade temporal e de sequencialização ( 11, 12 , 13 ...);

* Dificuldade com sinais ( + , - , : e x );

* Dificuldade com operações e com o processamento da linguagem matemática;

* Dificuldade nas memórias de trabalho e a longo prazo;

* Dificuldades psicomotoras.


Tratamento


Segundo Quézia Bombonatto, bacharel em Matemática, fonoaudióloga, psicopedagoga, terapeuta familiar e presidente da Associação Brasileira de Psicopedagogia ( ABPp ), o professor não tem condições de diagnosticar uma criança com discalculia. Para ela, a criança precisa ser avaliada por uma equipe multidisciplinar, formada por um psicopedagogo, um neurologista, e, se possivel um neuropsicológo. "Como qualquer outro distúrbio, não podemos falar em ' tratamento curativo ', mas em intervenções facilitadoras para o desenvolvimento das funções que foram comprometidas". Para diminuir os sintomas, Raquel Caruso, psicopedagoga, fonoaudióloga e coordenadora da clínica EDAC ( Equipe de Diagnóstico e Atendimento Clínico), deSão Paulo, indica o uso de jogos e do computador.


Em sala de aula


Saiba como ajudar o aluno com discalculia.

* Dê mais tempo para a resolução dos exercícios e permita o uso da calculadora nas atividades do dia a dia e nas avaliações. " Mas explique à turma porque aquela criança pode usar a calculadora, para que não haja divergências", recomenda Simaia Sampaio.

* Jamais aponte os erros do aluno, salientando-os com caneta vermelha ou corrigindo-os na frente dos colegas.

* Se a criança estiver nervosa ou cansada, não a force fazer uma atividade. " A discalculia é uma dificuldade neurológica e não preguiça ou desinteresse", declara Simaia.

* A criança que sofre de discalculia, geralmente possui baixa autoestima. Incentive-a, elogiando suas conquistas.


Atenção: veja as diferenças entre Distúrbio de Aprendizagem e Dificuldade de Aprendizagem


* Distúrbio de aprendizagem = é um comprometimento neurológico, ou seja, uma disfunção cerebral, que interfere no processamento da informação, impedindo sua aprendizagem. É um fator neurológico .


* Dificuldade de aprendizagem = é uma desordem no aprendizado proveniente de fatores sócio-econômicos, emocionais e pedagógicos e não necessariamente de causas orgânicas. ( Letícia Cabau, pedagoga e e especialista em Neuropsicologia )



Fonte: Guia prático para professores de Ensino Fundamental I

Postado por Edni , às 20:12

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